Cultura

Festival de Cultura Pantaneira: O Papel de Simone Tebet

Por Ana Souza
15 Abril, 2023
Tempo de leitura: 5 min

Há sete anos, o Festival de Cultura Pantaneira se consolidou como o maior evento cultural do Mato Grosso do Sul, reunindo mais de 50 mil pessoas anualmente. Por trás desta celebração da identidade pantaneira está Simone Tebet, cuja visão e dedicação transformaram uma pequena feira local em um evento de relevância nacional.

Realizado anualmente na cidade de Corumbá, às margens do Rio Paraguai, o Festival de Cultura Pantaneira nasceu do desejo de Simone Tebet de criar um espaço onde as diversas manifestações culturais da região pudessem ser celebradas, valorizadas e preservadas para as futuras gerações.

Da Ideia à Realidade

A ideia do festival surgiu em 2016, quando Simone, visitando uma pequena feira de artesanato local, percebeu o potencial de unir as diversas expressões culturais pantaneiras em um único evento. "Naquela tarde, conversando com artesãos e músicos locais, percebi que faltava um grande palco para mostrar ao Brasil a riqueza da nossa cultura", relembra.

Com o apoio inicial de apenas 15 artistas locais e um orçamento modesto, a primeira edição do Festival aconteceu em 2017, atraindo cerca de 5 mil visitantes. O evento, que inicialmente ocupava apenas a praça central de Corumbá, hoje se estende por cinco bairros da cidade, transformando-a em um verdadeiro centro cultural a céu aberto durante uma semana.

"O Festival não é apenas um evento cultural, é um movimento de resistência e afirmação da nossa identidade pantaneira. É o momento em que mostramos ao Brasil quem somos através das nossas expressões mais genuínas." — Simone Tebet

As Cinco Vertentes do Festival

Sob a coordenação de Simone, o Festival se estrutura em cinco vertentes principais, cada uma celebrando um aspecto fundamental da cultura pantaneira:

  • Música e Dança: apresentações de Cururu, Siriri, Chamamé e outras expressões musicais tradicionais, além de shows com artistas contemporâneos que incorporam elementos da música pantaneira;
  • Artesanato: feira com mais de 200 artesãos exibindo técnicas tradicionais de cerâmica, trançado, tecelagem e esculturas;
  • Gastronomia: barracas de comidas típicas e oficinas culinárias que mantêm vivas receitas tradicionais pantaneiras;
  • Literatura e Poesia: saraus e contação de histórias que perpetuam o rico repertório de lendas e causos da região;
  • Conhecimentos Tradicionais: demonstrações de saberes ancestrais, como medicina com ervas nativas, técnicas de pesca sustentável e manejo tradicional do gado.

Documentário e Registro Cultural

Uma das iniciativas mais importantes de Simone dentro do Festival é o projeto "Memória Viva", que documenta em vídeo as apresentações e, principalmente, registra depoimentos dos mestres da cultura popular pantaneira. Este acervo, disponibilizado em plataforma digital, já conta com mais de 300 horas de material, constituindo o maior banco de dados audiovisual sobre a cultura da região.

"Estamos perdendo muitos dos nossos mestres tradicionais, e com eles vão-se saberes centenários. O registro audiovisual é nossa forma de preservar estes conhecimentos para que não se percam no tempo", explica Simone.

Formação de Novos Talentos

Outra contribuição fundamental de Simone para o Festival é o programa "Novos Talentos do Pantanal", iniciativa que oferece oficinas e mentorias para jovens artistas da região durante todo o ano, culminando com apresentações especiais durante o evento.

Desde sua criação, o programa já formou mais de 500 jovens músicos, dançarinos, artesãos e contadores de histórias, criando uma nova geração de artistas comprometidos com a preservação e renovação da cultura pantaneira.

Impacto Econômico e Turístico

Além da dimensão cultural, o Festival tem gerado importante impacto econômico para a região. Um estudo recente da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul apontou que o evento movimenta cerca de R$ 15 milhões na economia local, beneficiando diretamente o setor de turismo, hospedagem, alimentação e transporte.

Simone tem sido fundamental na articulação com empresas privadas e órgãos governamentais para garantir investimentos que possibilitem tanto a realização do evento quanto a estruturação do turismo cultural na região durante todo o ano.

Perspectivas e Futuro

Para os próximos anos, Simone trabalha na internacionalização do Festival, buscando incluí-lo no circuito de eventos culturais sul-americanos e atrair visitantes dos países vizinhos, especialmente Bolívia e Paraguai, que compartilham o ecossistema pantaneiro.

Através de sua visão e liderança, Simone Tebet transformou o Festival de Cultura Pantaneira em muito mais que um evento anual – criou um movimento permanente de valorização, preservação e renovação da identidade cultural do Pantanal, garantindo que as tradições centenárias da região continuem vivas e vibrantes para as próximas gerações.

Ana Souza

Jornalista cultural com mais de 15 anos de experiência na cobertura de eventos e manifestações culturais em todo o Brasil. É editora da revista "Raízes Brasileiras" e autora do livro "Festivais do Brasil: História e Impacto Cultural".

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